Eu chorei em Cuba (1)
Foi num domingo pela manhã. Havia o convite do pastor da 1a. Igreja Batista da cidade de Guantánamo, Pr. Marciano Marcel, para que eu trouxesse a mensagem no culto da manhã, daquele domingo.
O templo da 1a. Igreja Batista ainda pertence aos batistas daquela cidade. A igreja acaba de completar 110 anos de existência. Em Cuba, após a Revolução, não é mais permitida a construção de templos evangélicos. Os crentes batistas, e também de outras denominações evangélicas, podem reunir-se em casas, quase sempre a casa do pastor local, que as autoridades do governo cubano chamam de "casa-culto".
Havia chovido a noite toda, de sábado para domingo, chuva benvinda no mês de maio, já quase verão, pois era a primeira chuva do ano, que até então se apresentava bastante seco.
Minha mulher, Maria Isabel, e eu caminhamos alguns quarteirões até chegar ao templo da Igreja. Guantánamo é uma cidade a leste de Santigago de Cuba, e que fica a mais de 1.000 quilômetros da capital, Havana, e bem próxima da base naval americana.
Quando chegamos, perto do início do culto da manhã, 9 horas, havia já vários irmãos cubanos que, ajoelhados oravam silenciosamente. Localizamos o Pr. Marciano, atarefado, se preparava para o início da celebração.
Iniciado o culto, com a ministração do Louvor, percebemos grande número de irmãos que ainda chegavam, atrasados por causa da chuva, alguns a pé, outros de bicicleta, nenhum de carro. Pr. Marciano nos apresentou e contou para sua igreja a razão de haver ali um casal de brasileiros, vindos de São Paulo e recomendados pela Conveção Batista Brasileira.
Inicialmente, a Isabel fez um rápido "saludo", lendo Efésios 5. 1-2, porque com visto de turista não estava autorizada pelas autoridades do país a ministrar ou pregar. Em seguida, subi ao púlpito. A congregação ainda estava de pé. Mas, aí, eu não consegui dizer nada...
Fiquei olhando o rosto daqueles irmãos e lágrimas vieram aos meus olhos. Àquela altura já havia mais de 400 pessoas para participarem do culto da manhã e ouvir um pastor "brasileño" trazer a mensagem. Mas as palavras não saíam...
Lembrei-me de minha juventude, no início dos anos 70, quando Cuba era a "queridinha" dos estudantes, dos intelectuais e de artistas de esquerda, que saudavam a Revolução Cubana como se fosse o céu na terra. E as palavras não vinham, porque diante de mim estava uma congregação de gente que ainda tinha esperança, aliás uma Unica Esperança, o Nosso Senhor Jesus Cristo. E essa Esperança Revolução nenhuma pode apagar...
(continua)
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