Blog do Pastor

terça-feira, 30 de junho de 2009

Eu chorei em Cuba (5)


Desde janeiro de 1959, um fato específico mudou a vida de milhões de pessoas em Cuba: a Revolução Comunista liderada por Fidel Castro, seu irmão Raul Castro e Ernesto "Che" Guevara, entre outros.

Como em outros países de orientação marxista, o Estado é totalitário. Os líderes politicos controlam e dominam todos os aspectos da sociedade e, fora desse controle, ninguém tem autorização para se organizar. Por causa disso, a Igreja de Jesus Cristo se constitui um grande perigo ao Estado, pois ela se recusa a ser dominada pelas forças políticas e o aparelho do Estado.

Não é permitida a construção de novos templos para a reunião do povo evangélico. As igrejas organizam-se então em casas, na maioria das vezes em casa de seus pastores ou missionários, que o governo reconhece como "casa-culto", conforme já mencionei em relatos anteriores. Ainda assim, as igrejas evangélicas em Cuba surpreendem! Reunindo-se em casas, em células para oração, estudo da Palavra e testemunhos muitas pessoas tem-se convertido ao Senhor Jesus. Aleluia!!

Visitei uma dessas células num dos bairros da cidade de Guantánamo. Em um local que muito se assemelhava a uma de nossas "favelas", num barraco de madeira que serve de moradia a uma família, fomos encontrar o irmão Uber e sua esposa.

Uber é uma pessoa especial. Era uma tarde chuvosa e entramos rapidamente em sua moradia. Mas ele nos recebeu de braços abertos. Foi maravilhoso. Um ex-soldado do exército cubano, agora já aposentado, nos informou que havia servido durante alguns anos em Angola, e que ainda se lembrava de algumas palavras em português.

E como foi gostoso, amados, ouvir um cubano "hablando" em português, com um sorriso nos lábios, dizendo "obrigado" e não "gracias", dizendo "quarta-feira" e não "miercoles". E, logo em seguida, Uber pegou seu violão e começamos a cantar louvores em espanhol. A meu pedido cantamos todos juntos, brasileiros e cubanos ali naquele barraco, com o som da chuva que caia lá fora. O louvor que encheu o coração de todos nós foi "Alabaré", que quer dizer "Eu louvarei": Se você conhece, cante agora mesmo. Aqui vai:

Alabaré, Alabaré, Alabaré, Alabaré
Alabaré a mi Señor
Juan vió el numero de los redimidos

Y todos alabavam al Señor
Unos cantavam, otros oravam
Pero todos alabavam al Señor
Alabaré, Alabaré, Alabaré, Alabaré
Alabaré a mi Señor...


Na foto acima, você pode ver Uber ministrando na missão. Ao lado dele veja o aparelho de TV, porque a igreja se reúne no que seria a sala de seu barraco. Na foto abaixo, veja o material que foi usado para levantar a moradia e também as divisórias de papelão separando o local da reunião, a casa culto, do espaço destinado à casa da família do Uber. Veja também o rosto amado dos irmãos cubanos recebendo a ministração.


Dê Glórias, muitas Glórias ao nosso DEUS, por pessoas valorosas como esse Uber, um ex-soldado do exército cubano, agora um soldado que milita no Exército de Jesus.

Dá ou não dá vontade de ajudar?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 15


Os amigos atacam. Jó se defende.


(01) Os ataques de Elifaz:
  • Ele diz a Jó: "A tua própria boca de condena e não eu" (Jó 15.6);
  • "Todos os dias o ímpio sofre tormentos, no curto número de anos que se reservam para o opressor" (Jó 15.20);

(02) Os ataques de Bildade:
  • São suas palavras a Jó: "A luz dos ímpios se apaga; a faísca do seu lar não resplandece; a luz se escurece nas suas tendas e a sua lâmpada ao lado dele se apaga" Jó 18.5 e 6;
  • "(O ímpio) é arrancado de sua tenda e é levado ao rei dos terrores" (Jó 18.14);

(03) Os ataques de Zofar:
  • Suas palavras a Jó: "O júbilo dos ímpios é breve e a alegria dos ímpios dura apenas um momento. Ainda que o seu orgulho suba até o céu, e a sua cabeça chegue até as nuvens, como o seu próprio ESTERCO apodrecerá para sempre" (Jó 20.5 a 7);

(04) Mas, JÓ continua aguardando a sua Redenção:
  • "Quem me dera fossem as minhas palavras escritas, que fosse gravadas num livro..." "Eu sei que o meu Redentor vive , e que por fim se levantará sobre a terra... E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a DEUS" (Jó 19. 23-27);
  • "Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo! Então me chegaria ao Seu tribunal, exporia ante Ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos" (Jó 23. 3-4);

(05) A Certeza que Jó tinha:
  • Jó tinha a certeza de possuir um Salvador. Ele tinha um amigo, o seu Redentor. Jó sabia que não estava sozinho, entregue à própria sorte. Ele tinha um relacionamento com o Criador. Jó o sentia distante, mas sabia que podia contar com o Seu auxílio.
  • Jó tinha a certeza de possuir um Salvador VIVO. Seu Redentor não estava morto, mesmo guardando silêncio. Podemos ver nesta passagem Jesus, o Redentor da humanidade. Podemos ver na fala de Jó uma referência a Jesus, o nosso Salvador, morte, ressurreição e sua volta?

domingo, 28 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 14


Os Debates

(01) Recordando
  • Jó tem o caráter íntegro e reto, desvia-se do mal e é temente a DEUS;
  • Sua mulher está ao seu lado;
  • Seus amigos estão do lado de DEUS;
  • Jó não sabe o que fazer a não ser proclamar a sua inocência;

(02) Os Amigos
  • Elifaz - Diz a Jó: "Não desprezes a disciplina do Todo-Poderoso" (Jó 5. 17-18);
  • Bildade - Diz a Jó: "Tuas palavras são como vento" (Jó 8. 1-3), insinua que os filhos de Jó tiveram o que mereciam (Jó 8.4) e diz que é preciso buscar a DEUS (Jó 8.5-6);
  • Zofar - "Jó, você é um tagarela. Fala demais" (Jó 11. 1-6);

(03) Jó declara sua inocência: "Quero defender-me diante de DEUS" (Jó 13.3-5 e 13. 22-24).

(04) Conclusão
  • Um hino de esperança pela nova vida, ainda que distante: Jó 14. 7-12.
  • Jó acreditava que, ainda depois de morto e estando no Sheol, DEUS o traria de volta à vida. Jó expressa sua esperança numa ressurreição pessoal, conforme o ensino do Novo Testamento, em 1 Cor. 15.20 e 1 Tess. 4.16-17.
  • Jó está baseado no sólido amor de DEUS por Seu povo, conforme Jó 14.15 - DEUS tem amor por aquilo e por aqueles que Ele criou.
  • Jó mostra aqui uma grande expressão de FÉ.

sábado, 27 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 13


O primeiro amigo - Elifaz


"Se alguém tentar falar contigo, ficarás enfadado? Quem, todavia, poderá conter as palavras?" (Jó 4. 2-6).

(01) A fala inicial de Jó, conforme cap. 3, foi um desabafo. Ele não estava cobrando explicações dos seus amigos. Ele não espera também que seus amigos possam ter alguma explicação para o seu sofrimento. Mas os seus amigos sentem que tem obrigação de responder o desabafo de Jó.
(02) Elifaz, o mais velho, é o primeiro a falar. Ele deseja ser o mais gentil possível. Ele fala respeitosamente. Pede que Jó não fique zangado com o que ele vai falar.
(03) Elifaz reconhece em Jó um homem religioso, mas repreende Jó porque não mostra a mesma calma que Jó recomendara às pessoas que aconselhava ("chegando a tua vez, tu te enfadas; sendo tu atingido, te perturbas...")
(04) Em seguida esse amigo de Jó fala sobre a desgraça dos ímpios e as alegrias dos justos. Afirma a Jó que se ele esperar em DEUS verá a tempestade passar e o sol tornará a brilhar.
(05) Elifaz diz que talvez DEUS esteja repreendendo Jó por causa de alguma falha. Se for assim Jó deve controlar seu ímpeto. Deverá arrepender-se dos seus erros e assim será restaurado, curado, liberto.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 12


Sofrimento insuportável


"Disse Jó: Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: Foi concebido um homem! Converta-se aquele dia em trevas; e DEUS, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz. Reclamem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele as nuvens; espante-o tudo o que pode enegrecer o dia" (Jó 3. 2-5).

(01) PEREÇA O DIA EM QUE NASCI - Depois de ser atingido por uma doença pavorosa e deformadora, de ser abandonado em sua fé pela própria esposa, depois de passar semanas assentado sobre cinzas, no lixo, Jó finalmente se pronuncia.
(02) Agora temos a oportunidade de conhecê-lo melhor. Podemos ver a Jó não como um crente que não se abala, mas como um homem de carne e osso. É COMO UMA REPRESA QUE SE ROMPE. Seus sentimentos começam a jorrar.
(03) Com certeza foi o silêncio respeitoso dos amigos que deram coragem a Jó para abrir o coração. Depois, será que ele se arrependeu? Aqui vemos esse homem expressando suas emoções. Lamentou o fato de ter vindo ao mundo e amaldiçoou o dia do seu nascimento.
(04) Jó deseja não ter nascido. Seu sofrimento é INSUPORTÁVEL. Isso faz desaparecer toda a alegria vivida antes. Essa alegria agora parece distante e uma ilusão. É COMO SE, DURANTE MUITOS ANOS, JÓ TIVESSE VIVIDO UMA FARSA. Ele acreditava que era feliz quando, em verdade, a desgraça aguardava uma oportunidade para ferir a ele.
(05) O maior desejo de Jó era gozar da presença e do favor de DEUS. Agora tinha acontecido toda aquela desgraça e parecia que DEUS o tinha abandonado. Ele não entende a razão de tudo aquilo. Era isso que ele temia: perder o relacionamento com seu DEUS. Mesmo assim, Jó não blasfemou contra DEUS; continuou orando ao Senhor e rogando a Ele por sua misericórdia e socorro. Veja Jó. 3.24-26 e Jó 6.8-9.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 11


Quem são os amigos de Jó


"Ouvindo os três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram cada um do seu lugar: Elifaz de Temam, Bildade, de Suã e Zofar da cidade de Naaman; e convidaram ir juntamente condoer-se dele e consola-lo. Sentaram-se com ele em terra 7 dias e sete noites; e ninguém lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande" (Jó 2. 11-13).

(01) "DEUS me proteja dos meu amigos porque os inimigos eu mesmo cuido". Esta frase fala da decepção que muitas vezes temos com alguns dos nossos companheiros. Vejamos por exemplo o caso do Rei Davi relatado no Salmo 55, versos 4-6 e 12-14.
(02) É sempre mais fácil evitarmos os golpes daqueles que estão contra nós, declaradamente. É normal conservarmos nossos inimigos à distância. Quando sabemos que alguém deseja o nosso mal, assumimos atitudes de defesa e permanecemos atentos.
(03) Mas, se é um amigo que nos fere, somos pegos de surpresa. O desapontamento nos atinge quando estamos abertos e vulneráveis. Assim, a dor é muito maior. Às vezes nossos piores sofrimentos são causados por pessoas queridas que falham conosco. Foi isso o que aconteceu com Jó.
(04) As primeiras atitudes dos amigos de Jó foram notáveis. Eles mostraram que eram amigos de verdade. Provaram a sua lealdade acima de qualquer dúvida. Levaram solidariedade ao monte de cinzas.
(05) Essa iniciativa deve ter feito muito bem a Jó. Poder contar com os amigos fiéis ao seu lado, observando um silêncio respeitoso diante da sua dor, trouxe a ele um pouco de alívio. Mas as coisas não pararam por aí, infelizmente.
(06) Durante os dias em que ficaram calados, os amigos de Jó começaram a meditar nas coisas que estavam acontecendo. Eles desenvolveram as suas próprias teorias, para explicar o sofrimento desse homem. Finalmente chegaram a uma conclusão. Essa conclusão vai machucar Jó muito mais do que tudo o que lhe acontecera até o momento. COISAS RUINS ACONTECEM PORQUE AS PESSOAS FAZEM POR MERECÊ-LAS!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Eu chorei em Cuba (4)


Em um dos primeiros dias de nossa estada em Cuba, saímos juntamente com o Pr. Marciano Marcel, pastor da Primeira Igreja Batista de Guantánamo, para visitar uma cidade próxima, cerca de 12 quilômetros de Guantánamo. A cidade de Costa Rica.


É um pequeno povoado situado próximo à linha férrea que liga algumas cidades daquela região. Quando nos aproximamos percebemos a situação dramática daqueles irmãos. Por causa da trepidação causada pela passagem das composições de trem o pequeno templo da igreja batista da localidade veio completamente abaixo (foto acima).

Chegamos no início da tarde e encontramos o pastor local, Pr. Milton Cadet, ocupado em reconstruir com suas próprias mãos usando pedaços de madeira que haviam restado da construção antiga e outros materiais, o pequeno templo da igreja.

O local onde os irmãos passaram a se reunir foi para mim a primeira surpresa daquele dia. O pastor Milton, sua esposa Junaika e seus dois pequenos filhos cederam o espaço de sua já apertada residência para que a sala da frente se transformasse no templo da igreja. É o que nós aprendemos a chamar de Casa-Culto (foto abaixo).


Naquele espaço reduzido os irmãos cubanos daquela cidade se reunem para louvar a DEUS e agradecer porque agora eles tem um local para adoração. Chegam a se reunir ali perto de 100 pessoas. E o pastor Milton nos informou que o trabalho continua crescendo.

Ali mesmo naquela Casa-Culto louvamos ao Senhor e oramos agradecendo pela bênção de termos um local para adoração ao nosso DEUS. Nossas igrejas tem sofisticados equipamentos de som e projetores multimídia. Instrumentos e instrumentistas de alto nivel. Mais surpreso ainda ficamos quando soubemos que a ajuda para aquela igreja, que eles recebem dos batistas brasileiros, está em torno de 10 dólares mensais. Cerca de 20 reais...

Você, amado leitor, amada leitora, que tem uma igreja com seu templo cheio de modernos instrumentos e equipamentos, louve ao Senhor pela vida daqueles irmãos de Cuba que lutam com tantas dificuldades. Lembre-se de orar pelo Pastor Milton Cadet e sua esposa Junaika, lá da cidade de Costa Rica. Deixe seu coração aberto para oferecer sua ajuda também.

Toda Glória ao Senhor da Igreja, no Brasil e em Cuba.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eu chorei em Cuba (3)


A cidade de Guantánamo, que está localizada junto à base americana do mesmo nome, tem uma particularidade: muitos dos seus bairros, distritos e cidades próximas têm nomes de países centro-americanos. Assim, por exemplo: San Salvador, Jamaica, Costa Rica. Os irmãos cubanos me explicaram que seria uma forma de Cuba se aproximar dos paises vizinhos.

Numa tarde fomos visitar uma grande célula da Segunda Igreja Batista de Guantánamo, localizada no bairro chamado Caribe. Fomos juntamente com o missionário Pepito, dirigente desta célula.

Nossa primeira parada foi em um conjunto habitacional, que nós aqui no Brasil chamados de Cohab. Era um prédio de 18 andares, sem elevador. Já preocupados em subir os degraus de um prédio desse tamanho, Pepito nos acalmou e disse que a célula que iríamos visitar ficava no terceiro andar...

Já dentro do apartamento, eu diria "apertamento", pudemos gozar da presença alegre de irmãos que cedem suas moradias para encontros de louvor, evangelização e estudo da palavra. É o que o governo cubano chama de Casa-Culto. Mas, o Senhor nos queria mostrar mais...

Num dos quartos daquele apartamento, prostrado em uma cama, encontrava-se um jovem por nome Jesus Angél. Já fazia 12 anos que se encontrava naquela situação devido a uma queda de uma árvore, de onde tirava o sustento de sua família.

Ah! amados, ali nos derramamos diante do Senhor e clamamos por um milagre. Toda a família se juntou a nós e houve ali um grande mover do Espírito Santo sobre aquele quarto. Mas, sobretudo o testemunho do jovem Jesus Angel falou muito ao meu coração. Ali mesmo, prostrado em sua cama, aquele jovem serve ao Senhor. É professor da classe de Escola Dominical nos domingos pela manhã e do grupo de adolescentes que se reúnem em volta de sua cama nos sábados à noite.

Como não se emocionar diante de um quadro que, aparentemente, seria desolador. Mas, os olhos, o sorriso, a esperança estampados no rosto de Jesus Angél tem motivado a tantos jovens cubanos a seguirem em frente na corrida da vida cristâ.

Pensei nos jovens de minha igreja, de muitas igrejas espalhadas por nosso país, que têm enormes dificuldades em servir ao Senhor, especialmente nos domingos pela manhã, quando nos reunimos em Escola Bíblica.

E orei: "Oh, Senhor, levanta em minha igreja, em nossas igrejas, outros tantos Jesus Angél e que eles não tenham que ficar prostrados em uma cama para o resto de suas vidas. Desperta, Senhor, desperta a nossa juventude. Há tanto ainda por fazer e continuamos a dormir o sono da morte. Meu DEUS faz milagres, Senhor, na vida de nossa juventude. Traz um VERDADEIRO avivamento para nossos corações..."

(continua)

domingo, 7 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 10


"A resposta dos amigos de Jó"


Jó 2. 11-13 e Jó 3. 17-19

(01) A notícia dos sofrimentos de Jó correu por nações vizinhas. Os três se encontram e seguiram juntos para a terra de Jó. Queriam levar algum conforto ao companheiro em dificuldades.
(02) Viram Jó ao longe, desfigurado, e mal puderam acreditar. E começaram a chorar. Rasgaram as suas vestes e cobriram a sua cabeça com terra. Aflitos, aproximaram-se e sentaram-se ao lado de Jó no depósito de lixo. Permaneceram em silêncio 7 dias e 7 noites. Não sabiam o que dizer.
(03) Amigos de verdade eles provaram a sua lealdade. Isso deve ter feito muito bem a Jó. Ele pode contar com os amigos fiéis ao seu lado, em silêncio respeitando a sua dor.
(04) Finalmente chegaram a uma conclusão que poderia machucar Jó. A opinião dos amigos era: COISAS RUINS ACONTECEM PORQUE AS PESSOAS FAZEM POR MERECÊ-LAS.
(05) Naquele tempo as pessoas pouco sabiam a respeito do céu e do inferno, das recompensas eternas ou do juízo final. Mesmo no tempo de Jesus havia um grupo de pessoas que não acreditava na vida após a morte: os saduceus (veja Lucas 20. 27-40).
(06) Nos tempos de Jó as pessoas acreditavam que todos, depois da morte, iam para uma caverna subterrânea chamada SHEOL (Jó 3. 17-19). Não alimentavam esperanças com relação ao futuro. Assim, se DEUS fosse fazer justiça deveria fazer isso enquanto estavam vivos.
(07) Já que todos eram iguais no túmulo, o pensamento era que todos os atos das pessoas deveram ser punidos ou recompensados em vida aqui na terra.
(08) Esse pensamento dos antigos levam os amigos de Jó a seguinte conclusão: Jó era, na verdade um grande pecador. Por trás de uma fachada de santidade, ele havia ocultado uma vida inteira de ações e pensamentos maus. Agora o braço de DEUS o havia alcançado.
(09) Hoje muitos fazem assim quando lêem a história deste homem. Procuram falhas em Jó para justificar seus sofrimentos. Inventam toda sorte de acusações contra ele. Por exemplo:
  • Não era dizimista;
  • Religiosidade só de aparência;
  • O medo de ficar pobre estava atormentando a Jó;
  • Deus está pesando sua mão;
Jó não era perfeito, mas não havia nenhuma falta para justificar seus sofrimentos. Nem todo sofrimento pode ser explicado como castigo de DEUS.
(10) Aprendemos aqui que, quando estamos diante de uma pessoa aflita e atribulada, o melhor que podemos fazer é ficar quieto. Sofrer junto não quer dizer falar, falar, falar... Carinho, compreensão falam mais alto que 1000 palavras. Posso oferecer um sorriso, uma lágrima, um abraço, uma oração. Esses atos vão mostrar à pessoa que sofre que ela não está sozinha.

sábado, 6 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 9


"A resposta da mulher de Jó"


“Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a DEUS e morre" (Jó 2.9).

(01) Para a mulher de Jó tudo estava claro. Ela conhecia a integridade de seu marido e sabia que ele nada tinha feito para merecer aquele sofrimento. Então sua conclusão era óbvia: os seres humanos estão por conta própria. A bondade não compensa. DEUS não liga a mínima: COISAS RUINS ACONTECEM PORQUE DEUS NÃO SE IMPORTA.
(02) Ela foi até o depósito de lixo onde Jó estava e lhe deu uma última palavra. Caberia a Jó dar um fim naquilo tudo. Por que continuar com a crença de que existe um DEUS justo e bom? Tudo indica o contrário...
(03) Parece que ela tinha pelo menos duas intenções:
  • ALIVIO EMOCIONAL: Jó não precisava mais procurar uma explicação para tudo;
  • ALÍVIO FÍSICO: A blasfêmia traria morte e descanso.
(04) Aqui precisamos discutir duas coisas sobre tirar a vida de pessoas:
  • Eutanásia, tirar a vida de uma pessoa a fim de evitar o sofrimento.
  • Suicídio, a própria pessoa tirar sua vida.
Nenhuma destas saídas é aceitável. Só DEUS tem o poder de dar a vida e somente Ele pode tira-la.
(05) Jó responde: “O que você sugere não tem cabimento. Jó deixa claro que sua fé não estava condicionada a benefícios. Para Jó o relacionamento entre DEUS e os seres humanos não pode ser uma transação comercial, um negócio.
(06) Como a mulher de Jó reagiu a isso? Teria dado razão a Jó? Terá conservado amargura no coração?. Não sabemos. Neste ponto ela desaparece da narrativa, mas sua participação foi importante. A opinião dela é a mesma, hoje em dia, de muita gente, até dentro de nossas igrejas.
(07) Pode existir uma “mulher de Jó” dentro de cada um de nós. Sempre que somos atingidos por tragédias uma voz que acusa DEUS se ergue dentro de nós. “DEUS não se importa comigo.” Por causa disso podemos perder a fé e ficar revoltados.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 8


"Um intrometido"


(01) A história começa dizendo que, num dia em que os anjos - os filhos de DEUS - compareceram perante o Senhor, Satanás apresentou-se entre eles (Jó 1.6).
(02) Esta expressão, entre eles, indica que Satã era um intruso entre eles. Isso faz bastante sentido. O diabo não é um filho de DEUS. Perdeu essa condição quando se rebelou e foi expulso. Há indícios de que, após sua queda, Satanás tenha conservado um limitado acesso à presença de DEUS. Em tais ocasiões, ele se apresenta como o Acusador, (Zacarias 3.1). Esse acesso à presença de DEUS continuou até a morte e ressurreição do Senhor Jesus (Apoc. 12.10), quando então tudo lhe foi negado.
(03) É com um intruso que o diabo se apresenta. Interpelado pelo Senhor sobre os seus movimentos, responde de forma evasiva: “Estava passeando pela terra”. Satanás quer dar a impressão de ser INOFENSIVO. Mas ao ouvir o nome de Jó, o diabo se revela como realmente é: debochado, odioso e cheios de intrigas. Os elogios do Senhor a Jó, um servo leal, representam uma provocação. Mas também uma oportunidade dupla.
(04) A primeira oportunidade: expressar sua opinião sobre o relacionamento entre DEUS e os servos do Senhor. Na visão do Maligno, tudo não passa de um sujo jogo de interesses.

  • a ligação com DEUS é uma coisa nojenta;
  • as pessoas obedecem a DEUS e fingem amá-lo para serem abençoadas;
  • por outro lado, o Senhor abençoa essas pessoas para a lealdade delas;
(05) O Maligno não crê que alguma coisa possa ser verdadeiramente boa. Não acredita que haja amor. Eis o pensamento do Maligno:
  • Jó te serve para obter vantagens;
  • Ele é protegido e está enriquecido;
  • DEUS abençoa Jó com segundas intenções;
  • Quando DEUS abençoa Jó aí recebe adoração;
(06) É como se Satanás dissesse:
  • dizem que sou mau e invejoso;
  • mas, eu sou honesto;
  • sou egoísta e mau;
  • entre DEUS e os seres humanos não existe amor sem interesse;
(07) A segunda oportunidade que Satanás enxerga é de molestar Jó. Como é a encarnação do mal, o Diabo não deixa passar a oportunidade de prejudicar um homem bom. Ele há havia reparado em Jó antes. Havia desejado roubar a sua paz. Mas nunca tivera a oportunidade porque o Senhor havia protegido Jó de todo lado (Jó 1.10).
(08) Satanás lança um desafio. Mas ele não sabe que DEUS é perfeito e não pode ser tentado pelo Mal? (Tiago 1.13). Satanás não é ingênuo. Ele se encontra cego pelo desejo do mal. Vai tentar jogar DEUS contra Jó.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 7


"Os Filhos de DEUS"


Jó 1.6 - Num dia em que os Filhos de DEUS vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então perguntou o Senhor a Satanás: De onde vens? Satanás respondeu ao Senhor e disse: “De rodear a terra e passear por ela.”

(01) Satanás se apresenta diante de DEUS com os outros Filhos de DEUS. É difícil acreditar que Satanás foi um filho de DEUS? Criado para servir ao Senhor?
(02) Filhos de DEUS no original hebraico significa “seres celestiais” (anjos, querubins e serafins). Fica claro que Satanás apresentou-se diante de DEUS como ser espiritual. Isso numa dimensão diferente da nossa, pois ele pode conversar com o Senhor diretamente.
(03) Jó 38.7, 1 Reis 22. 19, Daniel 7. 9-10, Hebreus 1. 7 e 14.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Estudo no Livro de Jó - Parte 6


"Foi uma aposta?"


(Leitura em Jó 1. 6-12)

(01) O livro de Jó, que se propõe a decifrar o enigma do Mal, tenta resolver um problema mas acaba criando outro. Temos a impressão que o livro descreve uma aposta. Aposta escandalosa. Em algum lugar do universo, DEUS e o diabo se encontram. Eles começam a conversar e as atenções se voltam para Jó. Os dois tem opiniões diferentes a respeito desse homem:
  • o Senhor o vê com um servo leal
  • para o diabo Jó não passa de um interesseiro.
Para saber quem está com a razão, resolvem submete-lo a um teste. Fazem isso arruinando a vida daquele homem.
(02) Esse início chocante tem levantado sérias dúvidas quanto a inspiração do livro de Jó. Também o livro tem alimentado questões sobre o caráter de DEUS.
  • Que DEUS é esse que se deixar levar pelas provocações de Satanás?
  • Como pode o Todo-Poderoso ser alguém tão mesquinho que, a fim de vencer uma disputa, jogue com a vida das pessoas como se fossem robôs?
  • É correto reverenciar um DEUS assim?
  • É possível confiar nesse DEUS?
(03) Essa inquietação é fruto de uma análise precipitada. Há muitos que incorrem no erro de fazer uma leitura superficial de Jó. Até intelectuais famosos, como o psicólogo Carl Jung, caíram nessa armadilha.
  • “Não é um espetáculo digno ver como tão rapidamente o Senhor abandona seu serviço fiel e o entrega o espírito mau. E com que despreocupação e falta de cuidado deixa Jó cair no abismo do sofrimento, físico e moral”
  • Vejo um DEUS que joga com a vida de suas criaturas, diz o psicólogo.
(04) Se o livro de Jó fosse um jogo, esse jogo já terminaria no capítulo 2. O patriarca passa imediatamente no teste. Ele se solta dos ataques malignos com muita facilidade. Ainda que Satanás lhe arranque os bens, a família, a reputação e a saúde, não consegue todavia arrancar-lhe a fé. Ele não se revolta em momento algum. Não blasfema contra DEUS. Não reclama das calamidades. Permanece fiel ao Senhor e prova que a sua devoção era sincera.
(04) Vejam que Satanás some no final do capítulo 2. Ele não tem mais nada a fazer. Não tem mais nada a dizer. Foi derrotado de forma definitiva e vergonhosa. Tornou-se um personagem dispensável para a continuação da história. Resta a Satanás se retirar com o rabo entre as pernas, e desaparecer. E é isso exatamente que ele faz.
(05) Então por que o livro não termina na Introdução? Por que o livro se estende por páginas e mais páginas. Se o enredo do livro fosse somente a disputa entre DEUS e o diabo, seria lógico se esperar sua conclusão: DEUS ganhou! Satanás perdeu... Jó passou no teste. DEUS poderia procurar seu servo fiel e explicar-lhe o acontecido, cobrindo em seguida de bênçãos a fim de recuperar suas perdas. Mas não é o que acontece. Sabemos que, quando o capítulo 2 termina, a história mal está começando...
(06) O que lemos nos 2 primeiros capítulos do livro de Jó não é uma aposta. Algo muito mais sério acontece ali. Se quisermos interpretar corretamente o texto precisamos sempre nos lembrar disso.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Eu chorei em Cuba (2)


A ilha onde fica Cuba encontra-se no mar do Caribe, bem ao sul da Flórida, nos EUA. É uma região sempre sujeita a grandes tempestades tropicais, ali chamadas de "huracanes".

Depois de algum tempo para me recompor da emoção inicial, comecei a falar aos irmãos cubanos reunidos no culto da manhã daquele domingo, mas ainda com a voz embargada. Usei o texto do livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 27, a partir do verso 13. Por causa de uma forte tempestade é relatado ali o naufrágio do navio que levava o Apóstolo Paulo em sua viagem para a capital do Império, Roma.

Disse-lhes que todos estamos sendo arrastados com violência pelo ventos e tempestades em nossas vidas, muitas vezes sem poder resistir. Como o apóstolo Paulo e seus companheiros de viagem, vamos muitas vezes navegando por mares bravios sem entender e sem saber aonde vamos parar. Há momentos que, açoitados severamente pela tormenta, sem ver nem sol nem estrelas, quase que se dissipa toda a esperança de salvamento. E aqueles irmãos cubanos, que sobreviveram em 2008 à passagem de 3 grandes tormentas, entenderam muito bem a mensagem...

Sobretudo, disse-lhes, o Senhor tem propósitos para nossas vidas, nossas igrejas e, principalmente, para Cuba e para o Brasil. Ao atravessarmos pelo meio da tempestade o mais importante é ter profunda intimidade com o Senhor. Ele vai nos mostrar que ainda há esperança e que Ele nos concedeu todas as vidas que navegam conosco.

Aquele povo vive debaixo de um sistema de governo cruel, mas o Senhor tem tocado muitas daquelas vidas com o Vento do Espírito Santo e as igrejas, mesmo com mão de ferro sobre elas, tem crescido em esperança e em poder.

Perguntei muitas vezes como é possível um médico, ou trabalhador, ou mesmo um pastor sobreviver com um salário de 10 a 30 dólares, ou 20 a 60 reais por mês? Você leitor poderá fazer essa mesma pergunta que eu fiz a eles. Eis a resposta dos cubanos: é a maravilhosa Graça de nosso DEUS. Glorificado e exaltado seja o nome do nosso DEUS.

As famílias sobrevivem porque a imensa maioria cria, em sua casa ou seu quintal, um porquinho ou uma galinha. Mas durante a celebração dos cultos não falta quem possa ofertar, nem que sejam duas moedinhas, como aquela viuva do tempo de Jesus.

Outro momento de forte impacto em minha vida de pastor brasileiro foi quando, ao final da mensagem, convidei a igreja para que orássemos por aqueles que se encontravam em meio a um furacão, dificuldades na família, enfermidades, problemas financeiros. Não esperava ver o que eu vi. Muitos, mas muitos mesmo, se colocaram de pé e começaram a clamar, e a chorar, até com soluços buscando o DEUS que tudo pode.

Não pude orar. As palavras me faltavam, novamente... Pedi ao Pr. Marciano que orasse. Ele o fez, visivelmente emocionado, orando por sua congregação e por seu próprio país. Amados, pude então entender o quanto somos abençoados em nosso Brasil, em nossas igrejas, e o Senhor me mostrou o quanto podemos fazer pelos irmãos cubanos.

(continua)